Ando lendo.
Leio para encher a cabeça de sonhos e histórias felizes. Cada um compensa de um jeito.
E se leio compulsivamente, tenho absoluta certeza que meu conto pessoal está triste.
Uns compensam o sofrimento, comendo, outros, bebendo, e há os que falam sem parar.
Como se cada palavra que falasse fosse uma fatia a menos da dor. Então falam mesmo, estão fatiando a dor.
E eu leio.
Escrevo a dor como quem extrai um furúnculo. Pronto, está fora de mim.
Mas dói por dentro.
A felicidade varia. Dia tem. Dia não tem.Volta e meia é interrompida por algo ou por alguém.
Faca de dois gumes: afago ou pontapé. Num ” maldito instante" você desce ao fim do mundo.
Com todos os sofrimentos cravando as unhas no seu coração.
Sintomas do desencanto.
Mas num súbito instante, sente dois braços vigorosos carregando seu serzinho, que assustado , é salvo pela esperança. Pronto : vida nova e flutuante, novos saltos, novos pousos.
Outros tombos também . Mas daí você já é outra.
5 comentários:
Muita verdade. Mas eu compenso, além de ler e escrever, comendo. Meu fraco.
Beijo. Amei aqui.
"levanto, sacudO a poesia e dou a prosa por cima"___________Valéria Tarelho
Maravilha!
Ah poeta! Você sempre me surpreende!
Beijos
Mirze
verdade, Doretto, valéria tarelho disse no Facebook e faltou comentar aqui :)
complementando, gostei do texto em duas vozes: você o inicia em primeira pessoa e, num passe certeiro, está em terceira. deu um certo distanciamento ao tecer a dor do outro que, pela leitura inicial, é tão particular.
beijo!
É isto mesmo. Sacaste tudo!
:/.....rs......beijo,comadre
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