terça-feira, 27 de dezembro de 2011

( história dela )



















Não importava quanto tempo ficasse sem. Mas ia ficar sem . Segurar a onda do delírio. Ou de qualquer envolvimento que brotasse água na pele e disparasse o coração.

Meu Deus, como era bom ser pega, ser traçada em diagonal. Odiava lembrar mas aqueles dedos sabiam tudo. Faziam tudo . Textura e euforia, prato da vida.

Não aguenta : Volta atrás, cede a tentação de tantos anos. É volume quente de carne  e está cheia de abraços.
Lembra que ainda tem a chave da casa e muda a direção. Muda o sentido de toda a sua vida.

Encosta o ouvido à porta: o silêncio se esfrega lá dentro, procurando o prazer em alguma parte do corpo.Ela gira a fechadura. Entra.Vai ao encontro disso.

O vapor da felicidade molha tudo e o fingimento perde a força no meio dos corpos.

Neusa Doretto

sábado, 24 de dezembro de 2011

respiração














Pelas costas
Quadris cintura
A envergadura de um amor sem olhos
Sem boca
Na
Doce vontade
de ser bicho 


Sem fala


segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

In




Me ame por enquanto
Me beije por enquanto
Ilusório 
Infinitamente provisório
Ofegante e repetitivo
Outra vez, mais outra
Não sei quantas
Mas por enquanto mais vezes
Mais meses
Hoje e daqui a pouco
esfuziante e louco 
desejo ou sorte
ou
qualquer coisa de morte

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

iguais


Amei os amores iguais a ti
textura  e euforia. 
O dia da lembrança dorme sono profundo

Eu acordo outra
todo dia.



Neusa Doretto  



segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Yvy Brasil

Adeus, bonitona

Ela era dança
fulminante.
Gostava do Goes
Mas tomou o último vinho espanhol
entre nós.
Outro dia
quinta à noite
falou poesia
em vinhedo
no mato
entre arbustos
Hoje o susto
o infarto
a viagem 
para outro
quarto

Não fico triste :
Você fará  poesia 
com Hilda Hilst




quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

closet

Amo esfarrapada como quem pede desculpas
pela salvação
desprovida de qualquer razão
Amo 
meio querendo ir
meio querendo ficar
amo pelo meio
pela estrada
pelo ar
Amo pouco:
metade da vida 
que tenho pra dar
Mas amo
inteira
à
beira de um ataque de nervos
você
desmanchando 
nos meus dedos